Publicado em 20/10/2022

Prêmio AF de Arte Contemporânea 2022 anuncia finalistas da 9ª edição

Lucas Pereira Elias Obra Ensaio sobre a memória.png

Premiação promovida pela Aliança Francesa de Florianópolis celebra a 9ª edição este ano. O grande vencedor será anunciado na abertura de exposição coletiva no CIC, em novembro, e fará uma residência artística na Cité Internationale des Arts, em Paris

O Prêmio AF de Arte Contemporânea acaba de divulgar os três finalistas da edição 2022: Bill Or (Itajaí), Mauricio Igor (Florianópolis) e Lucas Pereira Elias (Sombrio). Este ano, o júri exaltou a qualidade histórica dos participantes e a relevância que a premiação, já consolidada como a mais importante do circuito de artes visuais, tem para a produção artística de Santa Catarina e do Sul do Brasil. Os três artistas selecionados irão mostrar seus trabalhos em exposição coletiva no Espaço Lindolf Bell, no Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis, a partir de novembro. O grande vencedor será anunciado na abertura da mostra, no dia 30/11, e como prêmio fará uma residência artística de três meses na Cité Internationale des Arts, em Paris.

A seleção foi feita por um corpo de jurados formado por Niura Borges, pesquisadora, mestre em artes visuais (UFRGS) e galerista; Daniele Zacarão, artista e curadora, doutoranda em Artes Visuais (Udesc) e coordenadora do Curso de Artes Visuais da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc); e ainda por Henrique Menezes, curador independente, membro do Comitê de Curadoria e Acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul ( MACRS). 

— A cada edição, o Prêmio está atraindo artistas com trabalhos mais interessantes. E temos uma representatividade que nos permite ter uma cartografia da produção de artes do Estado. Vale destacar, ainda, que além da qualidade excelente das obras propostas, tivemos diversidade também etária, com inscritos de todas as idades — afirma Marilyn Pelicant, diretora da Aliança Francesa de Florianópolis.

Nível altíssimo

Promovido pela Aliança Francesa Florianópolis, o Prêmio AF de Arte Contemporânea chega à nona edição valorizando a trajetória de artistas de Santa Catarina, e não apenas um recorte ou uma obra. Por isso a avaliação se deu a partir do portfólio, sempre com o cuidado de apresentar à cena artistas novos e que podem ainda ocupar seus espaços. 

Para Niura Borges, uma das juradas, o que chamou muito atenção este ano foi, além da beleza dos trabalhos, a coerência de pesquisa, tanto prática quanto teórica. 

— Vimos o engajamento e a seriedade dos artistas no desenvolvimento de seus próprios trabalhos. Além disso, um ponto de convergência entre os três finalistas foi a originalidade, a audácia e a potência de criação. São obras que trazem provocação e têm elementos de questionamento, tão importantes hoje em dia — avalia a galerista.

Daniele Zacarão, também jurada desta edição, destaca o fato de que o trio selecionado apresenta um interessante panorama da produção contemporânea catarinense. 

— A tarefa de avaliar e selecionar apenas três finalistas não é simples. Acredito que o critério mais significativo para seleção tenha sido pensar trabalhos que pudessem ser potencializados pela residência artística na Cité Internationale des Arts, em Paris — afirma Zacarão.

O Prêmio Aliança Francesa de Arte Contemporânea 2022 tem patrocínio da ENGIE. Apoio do Consulado da França em São Paulo, do Institut Français e da Fundação Catarinense de Cultura. A produção é Marte Cultural. Realização da Aliança Francesa de Florianópolis. 

Conheça os finalistas

Bill Or (1994) | Itajaí

Bill Or Obra maquina sem acento.png

Bill Or (Beatriz Ramalho Rodrigues) é  artista visual à frente de várias iniciativas voltadas para projetos editoriais. Nos últimos anos, seu interesse tem se voltado para as relações entre literatura e artes visuais, ficção e realidade, hardware e software. Seu trabalho se dá a partir de procedimentos de apropriação, coleção e edição com desdobramentos em performances, textos, áudios, vídeos, fotografias, desenhos e publicações. O processo da artista passa ainda pela edição como linguagem e tecnologia no campo editorial, com a presença marcante da repetição.  Já participou de diversas exposições e projetos individuais, como Começa Com o Toque do Dedo no Dorso da Máquina, na sala Edi Balod em Criciúma; Nomeáveis ou Como Chamar Coisas sem Nome, na Casa da Cultura Dide Brandão de itajaí; e sonho.software, executado com recursos do Lei Aldir Blanc, entre outras.

Mauricio Igor (1995) | Florianópolis

Mauricio Igor  - Obra Corpo afro-amazônico em deslocamento.png

Nascido em Belém (PA) e radicado em Florianópolis, o artista atualmente transita entre essas duas cidades. É licenciado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará, teve passagem pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (Portugal) e atualmente é mestrando na Udesc. Sua pesquisa e produção passa pela investigação de questões de identidades em temas como gênero, sexualidade, miscigenação, decolonialidade e o cotidiano na região amazônica. Vem se dedicando a uma pesquisa acerca das poéticas sobre o corpo afro-amazônico em deslocamento, como o corpo sente e é sentido, como afeta e é afetado. Esses processos se desdobram em diferentes mídias, como fotografias, vídeos, objetos, performances, textos e instalações. Já participou de exposições e premiações como com o XVI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, da Fundação Nacional de Artes; Prêmio Rede Virtual de Arte e Cultura, da Fundação Cultural do Estado do Pará; e o 15º Salão de Artes de Itajaí, da Fundação Cultural de Itajaí, SC;  entre outros.

Lucas Pereira Elias (2000) | Sombrio

Lucas Pereira Elias Obra Pescadora N. 02.png

Nascido em Sombrio, no Sul do Estado, Elias é graduando em Artes Visuais pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Como artista, seu trabalho passa pela elaboração de narrativas poéticas e políticas a partir da observação de objetos cotidianos.  Seus principais suportes e meios são a aquarela sobre papel, bordado e acrílica sobre lona. Ultimamente seu objeto de pesquisa passa pela temática ambiental por meio de uma visão afetiva e que parte de questões pessoais da história da avó, uma pescadora que nasceu às margens do Rio Araranguá. Nesse sentido, vem propondo o debate sobre a questão ambiental a partir do viés da tradição e da memória.  Embora ainda jovem, já passou por mostras importantes, como a 30º Mostra de Arte da Juventude no SESC Ribeirão Preto (2021) e o 17º Salão Ubatuba de Artes Visuais (2021), além de ter recebido o prêmio Perspectiva Futura no 19° Território da Arte de Araraquara (2022).

Texto: Carol Macário