Publicado em 10/09/2014

Espaço projetado por Sandro Clemes quebra a rigidez típica dos ambientes corporativos

 

Sandro Clemes 10

“Tudo depende do olhar”. Foi com esta frase em mente que o designer de interiores e cenógrafo Sandro Clemes deu o start ao Escritório 31, ambiente criado para a Mostra Casa & Cia, com abertura confirmada para dia 12 de setembro, em Florianópolis/SC. Em sua primeira participação em uma mostra de decoração, Sandro transformou com seu olhar especial um espaço, quase sempre marcado por um ar austero, num lugar rico em aconchego, conforto, boa informação, mas não menos profissional.

Para criar este clima de volta ao passado e ao mesmo tempo super contemporâneo, ele se utilizou de objetos vintages, móveis de linhas retas, uma paleta de cores discretas, pontuada aqui e ali pelo vermelho; uma cuidadosa seleção de obras de arte produzida por jovens artistas locais; além de elementos brutalistas, como a parede em tecnocimento.

Logo ao entrar no ambiente o impacto sensorial é despertado pelo piso forrado em carpete vermelho. “Não fosse pela cor, que fiz questão que fosse algo chamativo e que convidasse a quem trabalha no espaço a criar, despertar para o novo, minha opção de forração foi bastante convencional”, argumenta o designer, que reafirma sua premissa: não existe ‘o pode, não pode’, tudo depende do ponto de vista de cada um.

E a interpretação dele para o tema da Mostra “A Casa e a Casa das Casas”, foi feita de um modo bem particular – levando para um ambiente corporativo o aconchego de uma casa, com móveis confortáveis e objetos saudosistas, como a velha máquina de escrever, misturados a outros elementos frios, que lembram a crueza das cidades, como a parede que mais parece um concreto bruto e as luminárias com pegada industrial.

Demonstrando total desapego ao já estabelecido, Sandro fez princípe um pufe que era sapo,  tornando-o protagonista do Escritório 31. O banquinho, resgatado num ‘Família Vende Tudo’, era, na verdade, um objeto grifado. O criador? Percival Lafer, que junto com Joaquim Tenreiro, Sergio Rodrigues, Jorge Zalszupin, Jean Gillon e Michel Arnoul foi um dos pioneiros do Movimento Modernista Brasileiro. “Comprei pela estética retrô e só depois descobri que era um móvel que tem status de objeto de colecionador. Nem eu e, certamente, nem quem vendeu, sabia a jóia que tínhamos em mãos”, comemora o designer.

Outro fator que destaca a informalidade do ambiente é a presença de arte em suas diversas expressões. Técnicas como fotografia, xilogravura, pintura, arte digital, caligrafia e o lambe-lambe (técnica da arte urbana) cobrem duas paredes do escritório. Além disso, a extensa estante, junto à mesa de reuniões, não abriga só livros técnicos, mas também um vasto acervo de obras literárias e de publicações de arte. “Tem coisa melhor do que trabalhar num ambiente inspirador?”, pergunta o criador.

Imagens by: Mariana Boro

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