Publicado em 28/09/2022

CASACOR SC: Ana Trevisan assina jardim inspirada por ave típica da Mata Atlântica

 

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Memórias afetivas e a sensação de reconexão com a natureza foram os sentimentos que guiaram o processo criativo do ambiente 

O bem-te-vi, ave típica da América Latina e da Mata Atlântica, foi a espécie escolhida para conduzir a história do projeto do jardim da CASACOR SC 2022 que começou neste domingo (18) e segue até dia 30 de outubro. O escritório Ana Trevisan | Espaços Vivos, em sua sexta participação no evento, é o responsável por idealizar e executar a recuperação do espaço externo, no prédio tombado da Escola Silveira de Souza, na região central de Florianópolis.  "Infinito Particular" foi o tema que direcionou as criações dos arquitetos da mostra Brasil afora. A partir dessa ideia, a arquiteta e paisagista Ana Trevisan trouxe a memória do canto do bem-te-vi e criou uma conexão com a atmosfera do jardim. “Quando entrei no espaço, ouvi a cantoria de várias espécies. Logo pensei que seria uma boa oportunidade de amarrar a história do lugar. O nome do ambiente surgiu por conta disso Jardim Bem-te-vi, explica. 

Assim, a equipe do escritório percebeu a necessidade de executar um projeto de recuperação ecológica do espaço externo do prédio histórico tombado. Todo o processo foi acompanhado e autorizado pela Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram), pois envolveu a remoção de espécies de plantas exóticas invasoras e o plantio de espécies nativas, como pitangueiras, jabuticabeiras, palmito jussara e bromélias imperiais que ficarão como legado para a edificação após o período da mostra. 

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Ainda na fase de remoção das plantas, Ana contou com a orientação do escritório Arboran, que trabalha com soluções para a arborização das cidades. "A intenção é incentivar a recuperação coerente de muitos espaços em Florianópolis,  tratar como um legado importante para o movimento da vida de vários seres, inclusive nós”, observa a arquiteta. De acordo com ela, a ideia é ressaltar a função ecológica desses espaços, o potencial para remanescentes de prédios e para áreas públicas. “Queremos despertar um outro olhar e o comprometimento para uma função ecológica efetiva", reforça.

Todas as vegetações são pensadas para criar um efeito visual de leve contraste, inclusive as oliveiras que foram trazidas do Rio Grande do Sul com idade de 15 anos. Além dos tons de verde e rubro, a composição do jardim inclui vasos que invadem os canteiros e ganham destaque pelo belíssimo conjunto que formam. Os comedouros querem atrair a visita de pássaros e, como explica a arquiteta, as pedras stones lembram as de rio, formando um lindo conjunto pousado sobre a grama. “A ideia é convidar os visitantes a uma pausa, para contemplar o espaço e também desfrutar dos sons da cidade e da natureza”, finaliza. 

 

Texto: Letícia Bombo

Fotos: Denílson Machado