O jovem artista catarinense Cainã Gartner, 30, conhecido no handmade em madeira, lança marca própria de produtos no início de 2021. O PNDA reúne o conhecimento familiar da carpintaria – ele é a quarta geração no ofício, e terá como ícone um urso panda. O boneco era tradição no Natal da família e agora é resgatado por Cainã numa versão Toy Art, ganhando status de arte e design para ser colecionado. A linha de produtos será fabricada em madeira certificada em processo artesanal em dois tamanhos:  21 e 38 centímetros. “É uma releitura da história da minha família e uma homenagem também ao ofício. Meu avô há mais de 30 anos produzia esses enfeites de Natal, entre ursinhos, anjinhos, Papai Noel, e vendia para outros estados. Há alguns anos, mexendo nas coisas de família, achei uma caixa com os objetos que tinha, inclusive, sobrevivido à enchente de 1983 na região de Gaspar”, conta o artista.   

O PNDA, uma síntese do nome panda, terá uma loja própria no PZ Ecomall, espaço gastronômico sustentável que será inaugurado em janeiro de 2021, em Balneário Camboriú (SC), e abrangerá ainda roupas, souvenirs, inclusive com feitos em collab e licenciamentos com marcas nacionais e internacionais.  O artista também é o responsável pela produção de uma escultura gigante do panda que será instalada em frente ao mall, com 10,80 metros de altura, também feita manualmente em compensado naval. A marca PNDA tem o slogan “Crie Memórias, Não Crie Curtidas. Viva o Momento” e quer lembrar às pessoas de um retorno à sensibilidade, à consciência e ao pensamento crítico da perda da essência humana.

Cainã aprendeu ainda criança, na marcenaria da família em Gaspar, no interior de Santa Catarina, a mexer com as ferramentas e máquinas de dar forma à madeira. O avô fez parte da criação da rede Imaginarium, compartilhando o ofício com o filho e o neto. Da fabricação de objetos de home design, ele tomou um caminho artístico.

Peças de luxo e destaque internacional

 Ganhou destaque nacional e internacional em 2018, quando fez reproduções exclusivas do capacete modelo Ayrton Senna usado na temporada 1993. A peça foi esculpida em bloco de madeira único, com acabamento em ouro e marcações com fogo. Na edição limitada, com aval do instituto do maior piloto brasileiro na Fórmula 1, foram vendidas 25 peças numeradas. “O capacete 00, o primeiro que eu fiz, está na sala da mãe do Senna, ao lado do capacete original dele”, conta Cainã.

O artista também já fez uma releitura da raquete de Roger Federer, reproduziu a luva do pugilista Acelino Popó Freitas e a chuteira que Neymar fez o primeiro gol. Criou e ainda cria obras de arte das mais diversas, em escala real ou não, como bolsas das grifes Chanel e Louis Vuitton, volante de carros-ícones, como o Porsche 911 Carrera, garrafas célebres de Veuve Clicquot, miniaturas de modelos de aviões, peças de xadrez em grande proporção, entre outras. Os objetos de luxo ganham detalhes em ouro, feitos em diferentes técnicas da carpintaria, usando tornos, serras e instrumentos variados de entalhe. Os trabalhos são criados a partir de pedidos de colecionadores ou nascem do simples desejo de Cainã de desafiar suas habilidades em dar novas formas à madeira.

Fotos: Guilherme Bolomini

Texto: Dariene Pasternak