Publicado em 17/09/2019

A beleza do imperfeito

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Arquiteta Ana Luiza Tomasi estreia na CASACOR SC com o quarto Unplugged e chama para o debate a importância da desconexão digital e da perfeição 

 

Quando a arquiteta Ana Luiza Tomazi, 29 anos, decidiu estrear na CasaCor SC, edição Florianópolis, quis, além de mostrar o projeto do quarto Unplugged, pensado para um jovem casal com uma rotina profissional acelerada, levantar um debate pertinente em tempos de excesso e exagero em redes sociais. “A inspiração surgiu por meio de uma reflexão pessoal sobre a necessidade que temos de provar, expor e parecermos perfeitos nas redes sociais. Muitas vezes, o expectador encara aquele conteúdo como verdade absoluta, esquecendo de trazer para sua realidade o que é essencial e o que faz sentido para sua vida”, afirma Ana Luiza. 

Outra fonte de referência foi a filosofia japonesa Wabi Sabi, de aceitar a imperfeição e aproveitar ao máximo a vida. Wabi é definido como “simplicidade rústica e Sabi é “ter prazer no imperfeito”. Com isso, Ana Luiza explorou os materiais naturais, a assimetria nas formas, as texturas e os volumes do ambiente, que tem 22 metros quadrados. O teto arredondado foi feito em gesso e a pintura remete ao concreto aparente. Nas paredes, foram utilizadas lâminas de madeira natural diferentes e não-uniformes. O revestimento Portobello para parede, que comporta uma estante ligada ao armário de duas portas de palha e madeira, foi escolhido por ser irregular, tanto nas bordas quanto no tom de cada peça. O verde da cômoda é o único ponto de cor mais intenso da paleta, que explora o cru e o natural. Os tecidos utilizados nas cortinas, de Alex Fernandes Cortinas, na roupa de cama e nos sofás são linhos, que são mais sustentáveis e causam menos impacto ambiental. O tapete kilim, da Oriente-se, é confecionado manualmente.

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A iluminação é controlada por automação e dimerizada, criando diferentes cenários. O projeto luminotécnico minimalista foi feito em parceria com a Studio Fai, da arquiteta Francine Cardoso, e prioriza a luz indireta, sem pontos no teto, proporcionando assim um espaço aconchegante e confortável.  O décor também segue a linha despretenciosa, com livros dispostos na estante e quadros, da Galeria Helena Neckel, presos e apoiados nas paredes. As esculturas douradas são Fabiana Queiroga, a luminária em pé, de Guilherme Wentz, a arandela, da La Lamp, e a escultura em forma de coração, da italiana Seletti. “O debate que proponho aqui é importantíssimo, principalmente para que as novas gerações compreendam o conceito. Somos uma geração despreparada de opinião para esse universo. Não sou contra redes sociais nem influenciadores, pelo contrário, acho que precisamos ter consciência e domínio do que queremos ser ao invés de criar expectativas que reverterão em frustrações”, analisa. 

 

Texto: Mel Hoffmann

Fotos: Mariana Boro