Publicado em 09/10/2019

Quando maturidade é tendência no décor

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Ambientes da Casa Cor Santa Catarina 2019 celebram mulheres com mais de 40 anos, empoderadas e dispostas a se acolherem como são

Mulheres maduras são a inspiração para alguns dos ambientes apresentados na Casa Cor Santa Catarina 2019: o quarto Entre Fases (foto 01) e o Living da Arquiteta (foto 02). Mesmo com propostas completamente diferentes, o primeiro é minimalista e o segundo é rico em detalhes, os projetos celebram o autoconhecimento e tudo que vem com ele, uma forte característica das mulheres que já passaram dos 40 anos. “A tendência é que a mulher, nessa idade, consiga olhar um pouco mais para ela mesma e assuma o papel central da própria vida. Isso confere um empoderamento, é uma quebra de paradigma”, explica a psicóloga clínica Joana Di Migueli, de Florianópolis.

Foi o que aconteceu com a arquiteta Graziele de Souza que, prestes a completar 40 anos, decidiu que voltaria à mostra (depois de quatro anos sem expor), mas que dessa vez não levaria tendências de mercado e modismos. Ao reconhecer que gosta mesmo é do requinte no estilo clássico, a profissional criou um living cuja inspiração foi ela própria. A ideia foi se assumir exatamente como é e apostar nisso para atrair novos clientes. 

No Living da Arquiteta, arandelas e boiseries em marcenaria compõem com móveis atemporais e pedras duráveis em um ambiente onde predominam simetria e sofisticação. “Eu gosto do clássico, do sofisticado, do que perdura, da atenção aos detalhes. Quem me conhece sabe que são marcas do meu trabalho e isso não tem a ver com moda, tem a ver comigo”, salienta Grazi. O acolhimento da natureza cíclica, o olhar carinhoso para as próprias cicatrizes e o foco somente no essencial foram as inspirações para o quarto Entre Fases, das designers Andreia Bocchi e Jeane Silva e do arquiteto Michael Zanghelini. “A cama tem um papel central no quarto, assim como ela tem na própria vida. Pensamos o ambiente para uma mulher que mora sozinha e que é bem resolvida com isso”, explicam os profissionais. 

Há alguns anos a chamada "síndrome do ninho vazio" levava muitas mulheres aos consultórios de psicologia depois que os filhos saíam de casa ou se ficassem sem os companheiros. Mas essa não tem sido mais uma questão pertinente, como explica Joana: “o ninho vazio não é mais algo triste para as mulheres, que agora se veem para além dos cuidados com os outros”.

O quarto Entre Fases, inclusive, foi pensado para que a cliente em potencial possa não só repousar, mas também desfrutar de outros prazeres na companhia de quem ela quiser. Entre as funcionalidades do quarto, por exemplo, é possível perceber uma adega de vinhos logo abaixo da pia, atrás de uma porta de vidro.

“É uma idade em que a mulher não se vê mais obrigada a fazer nada e se sente à vontade para dar opiniões e assumir suas vontades. Isso acaba refletindo em várias áreas da vida, até na sexualidade, sobre a qual a mulher passa a falar com mais naturalidade. Ainda é um momento em que ela já não está mais tão preocupada em conquistar alguém, seja porque está estabilizada em uma relação ou porque não vê mais isso como uma questão central", finaliza a psicóloga.Se o comportamento é o grande norteador dos projetos de décor e arquitetura, a nova forma das mulheres viverem a maturidade parece ter chegado para ficar e deve servir de inspiração para ainda mais profissionais nas próximas mostras de decoração e arquitetura.

Texto: Bianca Backes

 

Fotos: Lio Simas