A casa sustentável erguida pela arquiteta Cris Passing nessa edição da Casa Cor Florianópolis foi reconhecida pelo júri técnico da mostra, pelos demais expositores e pela organização do evento. Na noite deste domingo (11), a Casa Grigio recebeu os troféus de Melhor Ambiente, de Destaque em Design – Desenhos preciosos do Mercado e de Melhor Parceiro Comercial. Ainda é possível conferir este e os outros 25 ambientes da Casa Cor até o dia 25 de novembro, em Santo Antônio de Lisboa. A visitação é de terça a sexta das 15h às 21h, sábados e feriados das 13h às 21h e domingo das 13h às 19h.
A profissional conta que ficou feliz em trabalhar arquitetura e design de interiores em um só projeto e que, desde o começo, pensou em algo pra fazer história na Casa Cor. Por isso, escolheu uma técnica de construção a seco que praticamente não produz desperdício (wood frame) e que permitirá que a casa seja transportada para outro terreno para virar moradia de verdade. “É uma casa completa e eu não queria que fosse simplesmente desmontada depois da mostra. Respeito com a natureza também é isso, é reaproveitar, é produzir o mínimo de resíduo possível”, conta.
O resultado foi um espaço cujos interior e área externa se fundem, com mais de 90% das paredes externas em vidro. É como se a sala de estar, a cozinha, o quarto e até o banheiro estivessem em meio ao verde. Mas a integração com a natureza vai muito além da transparência: contemporânea e sustentável das paredes ao mobiliário, a casa também prioriza a iluminação natural e a ventilação cruzada para a economia de energia elétrica.
A Casa Grigio, nome que remete à Itália, país de design referência mundial, parece uma casa tradicional, mas a sua estrutura é desmontável e leve. Nas poucas paredes que a construção de 130 metros quadrados tem, são usadas placas cimentícias e madeira, que trazem uma qualidade acústica e térmica melhor que a alvenaria. Em comparação, o desperdício de materiais na sua construção alcançou no máximo 5%, enquanto em uma construção convencional do mesmo tamanho chega a 30%. O custo do projeto de Cris ainda é 25% inferior, e a casa ficou pronta em apenas 40 dias úteis de trabalho.
"A técnica é adaptável a qualquer estilo. Optei por uma casa mais urbana, mais contemporânea e longeva, com um design limpo que sobrevive ao tempo. Gosto de projetos que permitem uma convivência de muitos anos sem cansar", explica a arquiteta de Florianópolis. Toda a madeira usada na construção é de reflorestamento e o mobiliário foi escolhido dentre fornecedores que têm selo de sustentabilidade e compromisso com matéria-prima e processos produtivos que respeitam o meio ambiente. A prevalência da iluminação natural é outra escolha que contribui para a preservação ambiental, assim como a opção de iluminação artificial toda em LED.
Cris preferiu paredes mais rústicas, como se fossem revestidas por cimento queimado, para combinar com um projeto contemporâneo que preza pela harmonia entre o cinza, o preto, as cores naturais da madeira e a claridade da iluminação natural. Mas o sistema construtivo permite reproduzir qualquer tipo de parede que se desejar, inclusive uma bem tradicional. "Recentemente incorporei o preto aos meus projetos de interiores e na Casa Cor quero mostrar que é possível usar cinza e preto, que são cores consideradas frias, mas ainda assim proporcionar com elas conforto visual e criar um ambiente acolhedor", explica a arquiteta.
Tudo, é claro, intercalado com o verde presente em vasos pela casa e na natureza que a rodeia. Neste sentido, o banheiro é o espaço mais ousado, e que provoca uma sensação de liberdade só de olhar: as únicas paredes dos dois espaços para vaso sanitário são as voltadas ao interior da casa, para conferir privacidade, e os chuveiros são integrados e não têm qualquer parede. Nesse espaço o teto também é de vidro e coberto pelos galhos de uma árvore e por uma persiana quase transparente, que apenas faz a função de filtro do excesso de luz e calor. "Mais natural, impossível!", brinca a criadora.
Peças de design são destaque
Impossível não se apaixonar logo de cara por um aparador rústico e todo feito por um mosaico de peças de madeira natural. É um mosaico de pedaços de troncos de madeira que originalmente formariam um apoio para mesa de centro. Cris insistiu em erguer a peça e a transformou em um aparador que dá as boas-vindas à casa, propositalmente sem cobertura de vidro, para mostrar a madeira, uma de suas paixões, de forma mais natural possível.
A arquiteta é acostumada a trabalhar com muita marcenaria de alto padrão e, da sua experiência que já conta com três anos em grandes projetos de arquitetura e interiores em São Paulo, ela traz para a Casa Grigio muitas peças de design na decoração, que são bastante valorizadas por lá. Há peças de Jader Almeida, Rejane Carvalho Leite, Adonini & Siminini, Daniela Ferro, Mila Rodrigues e Paulo Alves.
Fotos: Mariana Boro